5 Anos de Covid-19: Os Negócios Mais Impactados pela Pandemia

Uma análise das empresas que enfrentaram aumento ou redução na demanda revela como uma crise pode gerar impactos variados entre as organizações.

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, um marco que transformou a história recente da humanidade. Além do impacto devastador na saúde pública, a crise também atingiu profundamente a economia. O isolamento social e os novos padrões de consumo reconfiguraram os mercados, prejudicando alguns setores e beneficiando outros.

Uma das lições fundamentais para os negócios foi a importância da adaptação rápida e da presença no ambiente digital, explica Jeff Patzlaff, especialista em planejamento financeiro e investimentos. Segundo ele, “a pandemia revelou a necessidade de planos robustos de contingência. Empresas com reservas financeiras e boa gestão de riscos enfrentam os melhores desafios.”

Veja como a pandemia transformou diferentes setores:

Os que perderam…

Restaurantes

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), cerca de 40% dos restaurantes que operaram com o sistema de alimentação a quilo no Brasil fecharam até junho de 2021 devido aos impactos da Covid-19. Ao todo, 335 mil estabelecimentos encerraram atividades, e mais de 1,3 milhão de empregos foram perdidos.

Haroldo Silva, vice-presidente do Corecon-SP, destacou que a migração para o consumo online prejudica negócios que não investiram na digitalização. “Esses estabelecimentos mantiveram grande parte dos custos fixos, mas enfrentaram quedas drásticas na receita”, afirmou.

Aviação

O setor aéreo sofreu uma retração imediata, com uma queda de 53% no número de passageiros e de 29,6% no transporte de cargas em 2020, segundo o IBGE.

A crise levou a América Latina a entrar com o pedido de recuperação judicial nos EUA em maio de 2020, processo que foi concluído em novembro de 2022. Outras companhias aéreas, como Gol e Azul, também enfrentaram dificuldades significativas. A Gol espera sair de sua recuperação judicial até maio deste ano, enquanto a Azul conseguiu renegociar dívidas, evitando a mesma situação.

As ações dessas empresas sofreram as mesmas quedas nos últimos cinco anos: Azul (-84,8%) e Gol (-87,4%).

Educação

A suspensão das aulas presenciais em março de 2020 acelerou a transição para o Ensino a Distância (EaD). No entanto, uma crise económica levou milhares de estudantes a abandonarem os estudos, afectando diversas instituições de ensino superior.

Na Cogna, controladora de instituições como Anhanguera e Pitágoras, as matrículas presenciais caíram 28,6% em 2020. Embora a EaD tenha crescido 17,8%, a empresa sofreu prejuízo de R$ 589 milhões no mesmo ano.

As ações das empresas do setor continuam desvalorizadas: Ânima (-77,8%), Cogna (-75,1%), Yduqs (-69,2%) e Cruzeiro do Sul (-75,6%).

Eduardo Santos, executivo da EF Education First, mencionou que a pandemia destacou o papel da tecnologia na evolução educacional, permitindo simulações práticas em ambientes virtuais.

Turismo

O turismo no Brasil teve uma queda de 59% no faturamento em 2020, segundo o Ministério do Turismo. A CVC, por exemplo, registrou lucro líquido apenas no último trimestre de 2024, mas suas ações ainda acumularam queda de 85,6% desde o início da pandemia.

Outro exemplo é a 123 Milhas, que entrou em recuperação judicial em agosto de 2023, após dificuldades para arcar com pacotes de viagens comercializados a preços promocionais, especialmente após a retomada das viagens.

… e os que ganharam

Logística

Com a explosão do comércio eletrônico durante a pandemia, o setor logístico prosperou. Empresas de transporte rodoviário, ferroviário e portuário registraram crescimento expressivo para atender a nova demanda.

Os fundos imobiliários voltados para galpões logísticos também se destacaram como os principais beneficiados no setor.

Transmissão

Plataformas como Netflix, Spotify, Prime Video, Disney+ e Globoplay tornaram-se essenciais no cotidiano das pessoas durante a pandemia. Em 2022, uma pesquisa do Instituto FSB revelou que 75% dos brasileiros utilizavam serviços de streaming.

Estar mais tempo em casa foi um fator decisivo para 30% dos assinantes, segundo levantamento da Kantar IBOPE Media. Em média, os brasileiros gastam R$ 100 por mês com duas assinaturas de streaming, conforme dados da Serasa.

Computação em Nuvem

O aumento do tráfego online durante o isolamento social impulsionou investimentos em serviços de nuvem e inteligência artificial. De acordo com Matthew Prince, CEO da Cloudflare, a pandemia acelerou significativamente o avanço dessas tecnologias.

Empresas como Amazon (AWS), Microsoft (Azure) e Google (GCP) continuam expandindo suas receitas nesse segmento. No quarto trimestre de 2024, a AWS registrou aumento de 30% na receita, enquanto Microsoft e Google tiveram crescimentos de 21% e 30%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.