O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, criticou a política de aumento da taxa Selic como forma de conter a inflação dos alimentos no Brasil. Durante o evento “Rumos 2025”, organizado pelo Valor Econômico, Alckmin destacou que fatores climáticos têm impacto significativo nos preços e que elevar juros não resolve problemas estruturais.
Segundo Alckmin, o aumento dos juros não é eficaz para reduzir a inflação de alimentos, uma vez que a produção agrícola está diretamente ligada às condições climáticas. Ele sugeriu que o Brasil considere um modelo similar ao dos Estados Unidos, onde itens como alimentos e energia são excluídos do índice oficial de inflação.
“Alimentos estão relacionados muito ao clima. Se eu tenho uma alteração climática muito grande, não adianta eu aumentar os juros que não vai fazer chover”, declarou Alckmin.
Ele também ressaltou o impacto negativo do aumento da Selic na economia, apontando que a cada 1% de alta na taxa, há um custo adicional de R$ 48 bilhões no pagamento da dívida pública.
Propostas para Reduzir a Inflação
O vice-presidente apresentou soluções que poderiam ser mais eficazes no combate à inflação:
- Isenção de impostos de importação: Produtos como carne, açúcar, óleo e sardinha tiveram tarifas de importação zeradas como medida emergencial.
- Fortalecimento da Conab: A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pode usar seus estoques reguladores para controlar a oferta de alimentos e reduzir oscilações de preço.
- Expansão do Sisbe: O sistema de controle sanitário permitiria maior competitividade ao ampliar a distribuição de produtos entre regiões.
Alckmin afirmou que essas ações são temporárias, mas que a tendência é de queda nos preços dos alimentos, o que deve contribuir para a redução da inflação no país.
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Alimentos e Energia no IPCA
Outro ponto levantado por Alckmin foi a possibilidade de excluir alimentos e energia da composição do índice oficial de inflação, o IPCA. Ele acredita que tal medida permitiria uma análise mais precisa dos fatores que realmente influenciam os preços.
“Acho que é uma medida inteligente. Deveríamos focar os juros onde eles poderiam ser mais eficazes na redução da inflação.”
Relações Comerciais com a China e os EUA
Durante o evento, Alckmin também comentou sobre as relações comerciais do Brasil com a China e os Estados Unidos. Ele destacou que a China é o principal parceiro comercial do país e que o Brasil está comprometido em aproveitar oportunidades com ambas as nações. Contudo, criticou o protecionismo implementado pelo governo de Donald Trump nos EUA.
“Lamentamos a atitude americana. Nossa disposição é de defender o multilateralismo”, afirmou.
Alckmin ressaltou que o Brasil tem superávit na balança comercial com os EUA, o que demonstra que o país não representa uma ameaça econômica.
As declarações de Geraldo Alckmin trazem reflexões importantes sobre as estratégias de controle da inflação no Brasil. Ao sugerir soluções estruturais e temporárias, ele propõe alternativas que podem trazer resultados mais eficazes do que o simples aumento da taxa Selic, além de minimizar os impactos negativos na economia e na população.