
Em meio a um cenário global de incerteza política e econômica, o Bitcoin voltou a chamar atenção dos investidores ao ultrapassar os US$ 90 mil. A criptomoeda registra uma valorização de 21% desde a mínima de abril, destacando-se frente à queda do dólar e das ações americanas, e reforçando sua posição como ativo de proteção.
Por volta das 11h, o Bitcoin era negociado a US$ 90.282, com alta superior a 3% no dia. No mesmo período, o índice S&P 500 recuava 6%, enquanto o dólar acumulava perda de 5%. Já o ouro, tradicional ativo de proteção, subia 9% — desempenho que agora encontra paralelo na principal criptomoeda do mercado.
Essa valorização ocorre em meio ao aumento da tensão política nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump pressiona o Federal Reserve por cortes imediatos nos juros e cogita substituir Jerome Powell, presidente do Fed. Como consequência, investidores têm buscado ativos menos suscetíveis a interferências políticas, como o Bitcoin.
Um indicativo claro desse movimento é a entrada líquida de US$ 381,4 milhões em ETFs de Bitcoin à vista nos EUA em um único dia — o maior fluxo desde janeiro. Este é o quarto dia de aportes positivos em cinco sessões, evidenciando o interesse crescente de instituições financeiras na criptomoeda como forma de proteger capital.
Correlação com o mercado tradicional diminui
Historicamente, o Bitcoin tende a acompanhar os movimentos das bolsas em momentos de crise. No entanto, esse padrão parece estar mudando. A correlação entre o BTC e o índice S&P 500 caiu para 0,65 nos últimos 30 dias, abaixo da média histórica de 1,0 em momentos de estresse, segundo a Compass Point.
Essa independência reforça o argumento de que o Bitcoin está sendo visto cada vez mais como uma reserva de valor alternativa, comparável ao ouro, especialmente quando os mercados tradicionais sofrem pressões políticas e econômicas.
Rompimento técnico abre caminho para nova valorização
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin rompeu uma faixa de resistência entre US$ 88 mil e US$ 89 mil, considerada um obstáculo significativo. Essa região concentra três importantes barreiras:
- A média móvel dos últimos 200 dias
- A chamada “nuvem de Ichimoku”
- A máxima registrada em março
De acordo com Katie Stockton, analista da Fairlead Strategies, superar essa zona crítica pode abrir espaço para o próximo objetivo de preço: US$ 95.900.
Mercado consolida e sinaliza maturidade
Apesar do avanço recente ocorrer com volume de negociações mais baixo, especialistas enxergam uma consolidação saudável no mercado. Um relatório da gestora 21Shares indica que o Bitcoin está em fase de reorganização de forças, e não em um possível topo de ciclo como no final de 2021.
Segundo a análise, investidores de longo prazo voltaram a acumular Bitcoin após a correção de março, enquanto a liquidez global apresenta sinais de recuperação. Esse cenário tende a favorecer uma nova onda de valorização no médio prazo.
Outro ponto de destaque é o comportamento do mercado: mesmo com quedas significativas no início do ano, o preço do Bitcoin manteve-se acima dos níveis registrados antes das eleições nos EUA. Não houve grandes movimentos de pânico ou liquidações em massa, o que demonstra maior maturidade dos investidores.
Relação com Nasdaq indica possível novo recorde
O fortalecimento do Bitcoin também pode ser observado na sua relação com o índice Nasdaq, que reúne as maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Atualmente, essa relação está em 4,96 — próxima do recorde histórico de 5,08, registrado quando o BTC chegou a US$ 109 mil em janeiro.
Essa proximidade sugere que a criptomoeda está a caminho de um novo ciclo de alta, impulsionada pela combinação de incertezas macroeconômicas, demanda institucional e fundamentos técnicos favoráveis.
A valorização recente do Bitcoin, aliada à queda de ativos tradicionais como o dólar e as ações, reforça seu papel como uma opção viável de proteção em tempos turbulentos. Com o aumento da adoção institucional, menor correlação com o mercado acionário e sinais técnicos positivos, a criptomoeda se posiciona cada vez mais como um verdadeiro ativo de reserva de valor. Para investidores atentos ao cenário global, o BTC se mostra uma alternativa sólida e estratégica.