
O preço do café moído disparou 80,2% nos últimos 12 meses encerrados em abril, segundo dados divulgados pelo IBGE. Esse avanço expressivo representa a maior alta registrada para o produto desde a criação do Plano Real, em 1994. A escalada nos preços tem gerado preocupação entre consumidores e investidores, especialmente diante do impacto direto sobre a inflação oficial do país.
A maior alta desde 1994
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento acumulado do café moído supera qualquer outro registrado desde o início do Plano Real. O único período com variação superior foi entre junho de 1994 e maio de 1995, quando o preço do produto teve alta de 85,5%. No entanto, esse dado inclui o último mês anterior à implementação da nova moeda, o real.
Leia também: Safra de café 2025: Redução no Brasil e a especulação por trás do preço de US$ 4
Além disso, apenas em abril de 2025, o café moído teve uma elevação de 4,48%. Embora represente uma desaceleração em relação ao aumento de 8,14% registrado em março, o patamar ainda é considerado elevado.
Café e alimentos lideram pressão sobre a inflação
O setor de Alimentação e Bebidas tem sido um dos principais responsáveis por puxar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,43% em abril. Dentro desse grupo, o café moído se destaca como um dos itens com maior variação.
Entre os fatores que explicam essa pressão estão:
- Condições climáticas adversas, que afetam a safra de café;
- Alta nos custos de produção e transporte;
- Demanda aquecida no mercado interno e externo.
Com isso, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,53% em abril, superando a meta central de 3,0% estipulada pelo Banco Central — que permite uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Este é o maior índice desde fevereiro de 2023, quando a taxa ficou em 5,60%.
Leia também: Sem VR no Pix, governo propõe teto nas taxas para conter inflação dos alimemtos
Impactos econômicos e reações do mercado
O avanço nos preços do café, somado à alta de outros alimentos, tem efeito direto sobre o poder de compra das famílias, especialmente das de menor renda, que destinam uma parcela significativa do orçamento à alimentação.
Para o mercado financeiro, esse movimento acende um alerta. A inflação persistentemente alta pode influenciar decisões futuras da política monetária, como a manutenção ou até mesmo a elevação da taxa básica de juros (Selic), visando conter o consumo e controlar os preços.
O que esperar dos próximos meses
Embora a inflação do café tenha mostrado sinais de desaceleração em abril, o cenário ainda é incerto. O comportamento climático, o câmbio e as decisões de política econômica serão determinantes para a estabilidade dos preços no curto e médio prazo.
Leia também: Inflação no Brasil: 58% dos brasileiros compram menos alimentos em 2025
É fundamental que o investidor acompanhe de perto esses indicadores, pois eles influenciam diretamente a rentabilidade de ativos como títulos públicos, fundos de renda fixa e ações de empresas ligadas ao setor de alimentos e bebidas.
O preço do café moído registrou um aumento histórico de 80,2% em 12 meses, pressionando a inflação brasileira e refletindo os desafios enfrentados pela economia. Diante desse cenário, consumidores e investidores devem manter atenção redobrada às movimentações do mercado e às ações do governo para controlar os preços.
Quer se proteger da inflação? Acompanhe nossas análises no RV Finance e descubra como tomar decisões mais seguras para o seu dinheiro.