O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacendeu preocupações em diversos setores da população. Entre os mais afetados, grupos minoritários e progressistas demonstram crescente desconforto com o rumo político do país, levando muitos a considerar a possibilidade de reconstruir suas vidas fora dos EUA, especialmente na Europa.
Doris Davis e Susie Bartlett, um casal interracial e LGBTQ+ residente em Nova York, decidiram traçar um novo plano de vida caso Trump conquistasse um segundo mandato. Segundo Davis, consultora educacional de 69 anos, a reeleição de Trump representa uma ameaça direta às suas identidades e valores.
“Amamos este país, mas não amamos o que ele se tornou”, afirmou Davis. “É frustrante ver nossas conquistas sendo desfeitas.”
Bartlett, de 52 anos, está aposentada, o que facilita os planos de imigração. O casal está em processo de avaliação de vistos para Portugal e Espanha, interessados tanto no estilo de vida europeu quanto em opções como o visto de nômade digital ou de aposentadoria.
Embora os números absolutos ainda sejam modestos em relação à população americana, dados recentes revelam um crescimento consistente na busca por alternativas fora dos EUA:
Esses dados refletem não apenas o descontentamento com a política doméstica, mas também o desejo de buscar estabilidade e segurança em ambientes mais alinhados aos valores pessoais de quem considera a mudança.
Empresas especializadas em imigração confirmam que, nos últimos anos, as tensões políticas e a violência armada têm alimentado o interesse de americanos em buscar vida nova fora do país. O consultor italiano Marco Permunian, da Italian Citizenship Assistance, destacou que tanto a eleição de Joe Biden em 2020 quanto a volta de Trump em 2024 provocaram ondas de procura por naturalizações e vistos europeus — por motivos distintos, mas igualmente políticos.
No entanto, o retorno de Trump gerou um pico ainda mais acentuado, conforme diversas consultorias relataram à agência Reuters. Para muitos, a questão vai além de preferências políticas: envolve preocupações com direitos civis, segurança pessoal e qualidade de vida.
A busca por qualidade de vida, clima agradável e custo de vida mais acessível coloca Portugal e Espanha entre os destinos mais atrativos. Ambos os países oferecem vistos específicos para estrangeiros que desejam morar sem necessariamente trabalhar localmente, como o visto de aposentadoria ou o visto de nômade digital — ideais para quem tem renda passiva ou trabalha remotamente.
Além disso, o ambiente mais acolhedor para comunidades LGBTQ+ e o ritmo de vida mais tranquilo pesam na escolha de quem deseja se afastar das tensões sociais nos Estados Unidos.
O aumento da procura por residência na Europa revela um sentimento crescente entre americanos que se sentem desamparados diante do atual cenário político. Embora nem todos concretizem a mudança, o número de interessados já é significativo. A busca por cidadanias alternativas, vistos de longa duração e aconselhamento jurídico demonstra que, para muitos, o simples desejo de permanecer nos Estados Unidos já não é suficiente.
Portanto, diante de um ambiente político polarizado, instável e socialmente hostil, viver na Europa surge como uma alternativa cada vez mais viável — e desejada — para milhares de cidadãos americanos.
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