Como o CO₂ aumenta o Arsênio no arroz e ameaça sua saúde

Descubra como o aumento de CO₂ e temperatura impulsiona níveis de arsênio no arroz, os impactos à saúde e soluções agrícolas para mitigar esse risco.

Descubra como o aumento de CO₂ e temperatura impulsiona níveis de arsênio no arroz, os impactos à saúde e soluções agrícolas para mitigar esse risco.

O arroz sustenta mais da metade da população mundial. No entanto, estudos recentes indicam que o aquecimento global pode aumentar a contaminação por arsênio no arroz. Além disso, essa combinação de temperaturas mais altas e CO₂ elevado eleva os riscos à saúde pública. Portanto, compreender essa relação é essencial para investidores em agronegócio, formuladores de políticas e consumidores conscientes.

Por que o aquecimento global aumenta o arsênio no arroz

Relação entre CO₂, temperatura e solo inundado
  • O cultivo em arrozais inundados cria condições anaeróbicas que favorecem bactérias que tornam o arsênio mais biodisponível.
  • À medida que o CO₂ e as temperaturas sobem, essas bactérias proliferam ainda mais e transferem maior quantidade de arsênio para os grãos.
  • Estudos de campo com 28 variedades de arroz na China mostraram aumento consistente nos níveis de arsênio inorgânico quando o CO₂ atmosférico e as temperaturas cresceram simultaneamente.
Impacto sinérgico das variáveis climáticas
  1. CO₂ elevado: fornece mais “alimento” para as bactérias do solo.
  2. Temperatura em alta: acelera o metabolismo bacteriano.
  3. Solo sem oxigênio: facilita reações químicas que liberam arsênio.

No entanto, poucas pesquisas anteriores avaliaram esses dois fatores juntos em experimento de longo prazo.

Impactos na saúde e na economia

Riscos à saúde humana
  • O arsênio inorgânico é reconhecido como cancerígeno.
  • Mesmo em baixas doses, a exposição crônica aumenta o risco de câncer de pele, pulmão e bexiga, além de doenças cardíacas e diabetes.
  • Na China, estimativas apontam que o aumento projetado no arsênio do arroz poderia gerar cerca de 19,3 milhões de casos extras de câncer até 2050.
Consequências econômicas
  • A elevação dos níveis de arsênio pode afetar a confiança do consumidor e reduzir a demanda por arroz de regiões mais impactadas.
  • Regulamentações mais rígidas (por exemplo, limite de 0,2 mg/kg na União Europeia) podem elevar custos de conformidade e alterar fluxos comerciais.
  • Investidores em agronegócio devem monitorar tecnologias de irrigação e variedades de arroz menos acumuladoras de arsênio.

Soluções para reduzir a contaminação por arsênio

Manejo alternativo da água
  • Sequência intermitente de irrigação: drenar e inundar o campo periodicamente reduz a biodisponibilidade de arsênio, embora possa aumentar outros metais, como cádmio.
  • Uso da água da chuva: regiões que dependem menos de irrigação contínua, como partes da África Oriental, apresentam arroz com menor teor de arsênio.
Seleção de variedades e aditivos
  • Cultivar tipos de arroz que absorvem menos arsênio pode limitar a exposição.
  • Aditivos ao solo, como enxofre ou esterco misturado com tomilho selvagem, podem alterar o microbioma e reter o arsênio.
Monitoramento e regulamentação
  • É fundamental estabelecer e revisar limites máximos de arsênio no arroz para diferentes públicos (crianças, gestantes e idosos).
  • Políticas públicas devem incentivar pesquisas e adoção de práticas sustentáveis no campo.
  • Transparência na origem do arroz e rotulagem podem ajudar consumidores a tomar decisões informadas.
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O aquecimento global e o aumento de CO₂ representam uma dupla ameaça: eles não apenas afetam a produtividade agrícola, mas também elevam os níveis de arsênio no arroz. Portanto, é crucial adotar manejos de água inovadores, cultivar variedades menos contaminadas e fortalecer a regulamentação. Além disso, investidores e líderes do setor agrícola devem apoiar pesquisas e tecnologias que reduzam a presença de arsênio. Em suma, mitigar as mudanças climáticas e aprimorar práticas de cultivo garantirá arroz mais seguro e protegerá a saúde de milhões de pessoas.