A taxa de desemprego no Brasil, medida pelo IBGE, caiu para 7% no trimestre encerrado em março de 2025. Apesar de representar uma leve alta de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, este é o melhor resultado para o período desde 2012. O dado reforça a expectativa de aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e evidencia a força do mercado de trabalho nacional.
Um dos principais destaques da pesquisa é o crescimento do número de empregados com carteira assinada no setor privado, que atingiu 39,45 milhões — uma alta de 3,9% em relação ao ano anterior. Segundo especialistas, esse movimento ajuda a impulsionar a atividade econômica e, consequentemente, o PIB.
Além disso, a taxa de desemprego ajustada pela sazonalidade se manteve estável em torno de 6,5% desde outubro de 2024, o que sinaliza uma recuperação consistente do mercado de trabalho.
Cláudia Moreno, economista do C6 Bank, afirma que o cenário atual contribui para o crescimento da economia, mas impõe desafios ao controle da inflação, principalmente no setor de serviços. Por esse motivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa Selic para 14,75%, com perspectiva de mantê-la em alta até junho, podendo atingir 15%.
De acordo com Rodolfo Margato, economista da XP, o aumento da renda do trabalho é outro fator importante na sustentação da economia. O rendimento real médio subiu para R$ 3.410, representando um avanço anual de 4%.
O destaque da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de março foi o aumento contínuo da renda real, com seis meses consecutivos de crescimento. Na comparação anual, o rendimento teve alta de 4%, e a massa de renda agregada subiu 6,6% frente a março de 2024, acumulando 7,5% de crescimento nos últimos 12 meses.
Segundo Margato, a combinação de aumento de empregos formais e alta nos salários reais tende a manter a pressão sobre os custos do trabalho, o que impacta diversos setores da economia.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, aponta que a agropecuária e a administração pública puxaram os rendimentos para cima. Por outro lado, setores como construção, comércio, serviços e indústria não apresentaram variações significativas no período.
Leonardo Costa, do ASA, reforça que o aquecimento do mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2025 surpreende, após um movimento de desaceleração no final do ano anterior. A expectativa da instituição é de crescimento robusto do PIB neste início de ano.
Já Rafael Perez, da Suno Research, avalia que o aumento sazonal no desemprego é pontual, resultado do encerramento de contratos temporários de fim de ano. Ainda assim, a taxa historicamente baixa reforça a resiliência do mercado de trabalho, que deve continuar impulsionando o consumo das famílias.
Outro ponto relevante é o recuo na taxa de informalidade, que passou de 38,1% para 38,0%, enquanto o número de trabalhadores formais chegou a 63,6 milhões. Segundo André Valério, economista sênior do Inter, a taxa de participação da força de trabalho permanece estável em 62,2%, o que sugere que o aumento da formalização ainda não absorve os trabalhadores informais.
Valério também chama atenção para a retração no setor de construção, que reflete uma desaceleração moderada no mercado imobiliário e pode impactar os indicadores nos próximos meses.
Apesar do cenário positivo até março, os economistas projetam uma desaceleração gradual da atividade econômica a partir do segundo trimestre de 2025. A XP estima um crescimento de 2,3% para o PIB no ano, acima da média do mercado, com a taxa de desemprego subindo levemente para 7% ao final do período.
Rafael Perez prevê que o desemprego pode atingir 7,2% até dezembro, refletindo a perda de ritmo no crescimento. No entanto, ele ressalta que esse patamar ainda é baixo em termos históricos e contribui para manter viés de alta nas projeções do PIB.
Igor Cadilhac, do PicPay, aponta sinais de desgaste no mercado de trabalho, mas acredita que a desaceleração será moderada. A previsão da instituição é de uma taxa média de desemprego de 6,9% em 2025, encerrando o ano em 7,1%.
Para Cláudia Moreno, do C6 Bank, o mercado de trabalho continuará aquecido, mesmo com o enfraquecimento da atividade econômica. A expectativa do banco é de que a taxa de desemprego termine o ano em torno de 6%, mantendo um dos melhores resultados da década.
A manutenção de um mercado de trabalho aquecido, com aumento do emprego formal e crescimento da renda, tem sustentado o otimismo dos economistas quanto ao desempenho do PIB em 2025. No entanto, os sinais de desaceleração e o risco de inflação elevada exigem cautela nas projeções.
Para os próximos meses, o equilíbrio entre crescimento e controle inflacionário será essencial para definir o rumo da economia brasileira. O desempenho do mercado de trabalho será um dos principais termômetros dessa trajetória.
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