O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou seu nível de alerta sobre a situação fiscal do Brasil. Segundo projeção divulgada no relatório Monitor Fiscal, publicado durante as Reuniões de Primavera do FMI em Washington, a dívida bruta do país deve atingir 92% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. O cenário sinaliza um retorno a níveis críticos observados durante a pandemia de covid-19.
O FMI estima que, considerando todo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a dívida pública subirá mais de 12 pontos percentuais — avanço superior aos 10 pontos previstos na edição anterior do relatório, divulgada em outubro. Com isso, o endividamento passaria de 83,9% do PIB em 2022, último ano da gestão Bolsonaro, para 96% em 2026.
Esse patamar é o mais elevado desde 2020, quando a dívida também chegou a 96% do PIB devido aos gastos emergenciais causados pela crise sanitária global. Agora, no entanto, o avanço é atribuído a fatores estruturais e persistentes da economia brasileira.
O FMI não vislumbra uma reversão desse cenário nos próximos anos. Caso não haja mudanças substanciais na condução da política fiscal, o órgão projeta que a dívida continuará crescendo até atingir 99,4% do PIB em 2029, estabilizando apenas a partir de 2030.
Essa deterioração fiscal ocorre apesar da implementação de um novo arcabouço fiscal e do anúncio de medidas que prometiam reduzir gastos em até R$ 70 bilhões em dois anos. Ainda assim, a equipe econômica do governo Lula não sinaliza novos ajustes, o que reforça o alerta do FMI.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumenta que o crescimento da dívida decorre dos juros elevados, e não do resultado primário. No entanto, economistas contestam essa leitura, destacando que o custo elevado da dívida está relacionado diretamente à condução da política fiscal, e não apenas à atuação do Banco Central.
A taxa de juros alta, usada para conter a inflação, pressiona ainda mais o serviço da dívida, elevando o déficit e dificultando o controle das contas públicas.
Em comparação com outras economias emergentes, o Brasil segue em trajetória oposta. A média da dívida pública entre esses países deve ser de 73,8% do PIB em 2025, muito abaixo dos 92% projetados para o Brasil. Isso coloca o país ao lado de grandes economias como China, França, Reino Unido e Estados Unidos — todos com níveis elevados de endividamento.
Segundo o FMI, esses países são os principais responsáveis pelo crescimento da dívida pública global, que deve saltar 2,8 pontos percentuais este ano, alcançando mais de 95% do PIB mundial, com tendência de atingir 100% até 2030.
Diante desse cenário, o FMI recomenda que os países adotem políticas mais responsáveis e sustentáveis para equilibrar suas contas. Em meio a incertezas políticas e econômicas, como as geradas por tarifas protecionistas e mudanças nos ciclos globais, a necessidade de ajuste fiscal se torna ainda mais urgente.
A dívida bruta como proporção do PIB é um dos indicadores mais relevantes de solvência de um país. Ela é acompanhada de perto por agências de classificação de risco e investidores. Por isso, manter esse índice sob controle é essencial para preservar a confiança no ambiente econômico brasileiro.
O alerta do FMI sobre a trajetória da dívida pública brasileira é um sinal claro de que ajustes serão inevitáveis. Sem medidas estruturais que limitem o crescimento do endividamento, o Brasil corre o risco de comprometer sua credibilidade econômica, afastar investidores e encarecer o crédito. Portanto, o momento exige responsabilidade fiscal e planejamento de longo prazo para garantir estabilidade e crescimento sustentável.
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