As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para conter as importações podem gerar um impacto negativo significativo na economia americana, com consequências que podem ser sentidas por quase uma década. A medida, divulgada na última quinta-feira (13), segue o mesmo padrão de uma política tarifária anterior voltada ao setor de aço, que resultou em prejuízos severos para exportações e lucros no país.
Estudos recentes analisaram os efeitos das tarifas impostas pelo ex-presidente George W. Bush em 2002 sobre o aço. Assim como Trump, Bush justificou a decisão com o objetivo de fortalecer a indústria siderúrgica americana e gerar empregos, cedendo à pressão do lobby do setor. As tarifas variaram entre 8% e 30% e afetaram todos os países que exportavam aço para os EUA.
No entanto, os resultados foram contrários às expectativas. Em vez de contribuir para a geração de empregos no setor siderúrgico, as tarifas causaram a perda de centenas de milhares de postos de trabalho em indústrias que dependiam do aço como matéria-prima. O aumento no custo do material prejudicou setores como o automobilístico, que enfrentaram dificuldades para manter a produção. Cada emprego perdido nas siderúrgicas resultou, indiretamente, na perda de descontos de outros investimentos em setores consumidores de aço.
As tarifas de Bush resultaram, em média, na perda de 168 mil empregos entre 2002 e 2009, segundo um estudo de 2023 prorrogado por Lídia Cox, da Universidade de Yale. No primeiro ano, 153 mil empregos desapareceram, atingindo um pico de 247 mil demissões em 2008. Outra pesquisa, publicada em 2022 por Lago James (Universidade do Tennessee) e Ding Liu (Universidade Metodista do Sul), apresentou resultados semelhantes, apontando que aproximadamente 200 mil pessoas perderam seus empregos em 2002.
O setor automotivo foi particularmente afetado, com uma redução de 30% nos empregos até 2008. Além disso, as exportações de produtos feitos com aço caíram drasticamente, totalizando perdas de até US$ 196 bilhões entre 2003 e 2009.
A nova política tarifária de Trump pode desencadear efeitos semelhantes, com emissões em massa e uma retração nas exportações. “Há uma grande probabilidade de que isso aconteça novamente, pois a indústria que utiliza aço emprega um número muito maior de pessoas que fazem a própria siderurgia”, explica Bernardo Guimarães, professor da FGV. O aumento no custo do aço pode reduzir a produção e os postos de trabalho em setores que dependem do material.
Além dos impactos econômicos, a medida pode prejudicar a popularidade de Trump, especialmente entre os participantes que foram diretamente afetados. “A percepção pública será de que as tarifas prejudicaram os empregos, e isso pode ser politicamente prejudicial”, acrescenta Guimarães.
As tarifas sobre o aço, em vez de fortalecerem a economia americana, podem causar um efeito de cascata de perdas em setores-chave, enfraquecendo as exportações e aumentando o desemprego. A experiência do passado sugere que, longe de ser uma solução, essas políticas podem se transformar em um “tiro no pé” para a economia dos EUA.
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