Alta nos preços afeta 58% dos brasileiros, que compram menos alimentos. Estudo do Datafolha mostra mudança de comportamento e desgaste do governo.
A inflação tem alterado de forma significativa o cotidiano das famílias brasileiras. De acordo com uma pesquisa recente do Instituto Datafolha, divulgada em 14 de abril, o aumento no custo de vida tem levado os consumidores a cortar gastos essenciais, especialmente na alimentação. Esse cenário, além de gerar preocupação social, tem afetado diretamente a percepção da população sobre o desempenho do governo federal.
O levantamento revelou que 58% dos entrevistados afirmam ter reduzido a quantidade de alimentos comprados nos últimos meses devido à alta nos preços. O impacto é ainda mais intenso entre os brasileiros com menor renda: entre os que recebem até dois salários mínimos, 67% disseram ter diminuído as compras de comida.
Essa retração no consumo básico reflete não apenas a pressão da inflação, mas também a dificuldade crescente de manter um padrão de vida estável diante do aumento generalizado dos preços.
Segundo a pesquisa, oito em cada dez brasileiros precisaram adaptar seus hábitos por conta da inflação. Entre as principais mudanças estão:
Além disso, 25% da população declarou que atualmente possui menos alimentos do que o suficiente em casa, um indicativo preocupante de insegurança alimentar.
A pesquisa do Datafolha também destacou as medidas adotadas para lidar com a redução do poder de compra. Entre as ações mais comuns, estão:
Essas estratégias de contenção de gastos evidenciam o esforço das famílias para manter o equilíbrio financeiro diante da pressão inflacionária.
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Outro dado relevante do levantamento é a piora na percepção da população sobre a economia. Para 55% dos entrevistados, a situação econômica do país se deteriorou nos últimos meses — um aumento de 10 pontos percentuais em relação a dezembro de 2023.
Esse é o primeiro momento, no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que a maioria da população expressa uma visão predominantemente negativa sobre a economia.
A alta nos preços dos alimentos, como o tomate (22,5%), os ovos (13,1%) e o café moído (8,1%), tem sido apontada como um dos principais fatores de insatisfação. Conforme o Datafolha, 54% dos brasileiros atribuem “muita responsabilidade” ao governo federal pela inflação, enquanto 29% acreditam que o Planalto tem “alguma culpa”. Apenas 14% isentam totalmente o governo.
Até mesmo entre os eleitores do presidente Lula, 72% reconhecem algum grau de responsabilidade pelo aumento dos preços. Entre os apoiadores de nomes da oposição, como Romeu Zema e Tarcísio de Freitas, o índice sobe para 78% e 77%, respectivamente.
Embora o governo concentre grande parte da culpa, outros fatores também são citados como contribuintes para a inflação. Entre eles:
A percepção de culpa varia conforme a renda. Entre os mais pobres, 55% culpam o governo e 54% responsabilizam os produtores. Já entre os mais ricos, as guerras (40%) e a crise econômica dos EUA (36%) ganham mais destaque como causas da inflação.
Apesar de uma leve recuperação na aprovação — que subiu de 24% em dezembro para 29% em abril —, o governo Lula continua enfrentando resistência. A reprovação se mantém em 38%, indicando que a inflação, sobretudo nos alimentos, segue sendo um obstáculo importante para melhorar sua imagem junto à população.
Mesmo com medidas como a isenção de impostos de importação para conter os preços, os efeitos práticos ainda não foram sentidos pela maioria dos brasileiros.
A pesquisa do Datafolha confirma o impacto profundo da inflação no dia a dia dos brasileiros, especialmente nas camadas mais vulneráveis da população. A alta nos preços tem mudado hábitos, afetado a qualidade de vida e ampliado a percepção negativa sobre a economia. Para o governo, o desafio é encontrar soluções eficazes e visíveis que ajudem a aliviar o bolso do consumidor e a restaurar a confiança da população.
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