Investir no Exterior: Como Diversificar e Reduzir Riscos no Mercado Brasileiro

Especialistas afirmam que essa estratégia é uma forma eficiente de diversificar os investimentos e minimizar os riscos relacionados ao mercado interno.

Com a elevação da taxa Selic para 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a atratividade da renda fixa brasileira disparou. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve os juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Nesse cenário, muitos investidores se perguntam: vale a pena aplicar em mercados internacionais?

A resposta é sim, principalmente para quem busca diversificação de patrimônio e redução de riscos associados à economia brasileira. Segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, “o Brasil enfrenta riscos específicos, como instabilidade política, fiscal e cambial. Investir no exterior permite acesso a moedas fortes, mercados mais estáveis e setores inovadores, como tecnologia e saúde.”

Por que investir no exterior?

Apesar das taxas atrativas no Brasil, elas refletem um desequilíbrio macroeconômico relacionado ao déficit público e às expectativas elevadas de inflação, conforme explica Eric Hatisuka, CIO do Mirabaud Family Office no Brasil. “Os juros altos no Brasil representam, muitas vezes, uma compensação pelo risco elevado e não um reflexo de sucesso econômico. Isso não impede que investidores busquem oportunidades no mercado internacional.”

Outro ponto levantado por Hatisuka é que não existe renda fixa totalmente segura em nenhum lugar do mundo. Riscos como inflação, desvalorização cambial e tributação impactam qualquer investimento. No Brasil, esses fatores são ainda mais pronunciados, enquanto têm impacto reduzido em economias desenvolvidas.

Como investir no exterior?

Renda fixa internacional

Os juros nos Estados Unidos, apesar de inferiores aos do Brasil, estão em níveis historicamente altos. Durante a pandemia, por exemplo, a taxa variava entre 0% e 0,25%, enquanto hoje ultrapassa 4% ao ano.

Otávio Barros, especialista em mercado internacional da Fami Capital, ressalta que “o momento é propício para investir em renda fixa em dólar, aproveitando os juros elevados nos EUA”.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, sugere aplicar em Treasuries de médio prazo (5 a 10 anos), que devem se valorizar com a expectativa de cortes futuros nos juros americanos. Alternativamente, bonds corporativos e ETFs de crédito privado podem se beneficiar da redução nos spreads de crédito.

Renda variável internacional

Na renda variável, setores como tecnologia, energia renovável e saúde apresentam grande potencial, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. José Alfaix, economista da Rio Bravo, destaca o boom das bolsas europeias, impulsionado por investimentos em indústria militar, infraestrutura e logística, reflexo das tensões geopolíticas.

“Em momentos de incerteza, o ouro, que alcançou um recorde histórico recentemente, continua sendo uma alternativa atrativa”, afirma Alfaix. Ele também menciona os ETFs de commodities, que se beneficiam de altos níveis de volatilidade no mercado.

Riscos de investir no exterior

Mesmo fora do Brasil, os investimentos apresentam riscos. Nos Estados Unidos, o pleno emprego e os múltiplos elevados das empresas são sinais de alerta para um possível desaquecimento do mercado.

Ademais, a fragmentação geopolítica e as tensões entre EUA e China podem impactar as grandes corporações globais. “As tarifas comerciais têm o potencial de causar danos significativos para as bolsas no curto prazo”, alerta Alfaix.

Conclusão

Investir no exterior é uma estratégia eficaz para diversificar riscos e acessar mercados mais estáveis. Seja na renda fixa ou renda variável, há oportunidades significativas para investidores dispostos a explorar o mercado internacional. Por outro lado, é crucial considerar os riscos e manter uma estratégia alinhada aos seus objetivos financeiros.