
Investir no Tesouro Direto é seguro? Descubra os principais riscos em tempos de incerteza e proteja seu patrimônio com estratégias inteligentes.
Embora o Tesouro Direto seja considerado um dos investimentos mais seguros do Brasil, ele não está livre de riscos — especialmente em um cenário de guerra comercial e instabilidade econômica. Com a alta do dólar, juros elevados e volatilidade crescente, o investidor precisa redobrar a atenção ao alocar recursos na renda fixa pública.
Segundo especialistas, conhecer os principais riscos do Tesouro Direto é essencial para fazer escolhas mais conscientes, alinhadas ao perfil de cada investidor. Mesmo papéis tradicionalmente seguros podem apresentar prejuízos em determinados contextos macroeconômicos.
A seguir, destacamos os principais riscos associados ao Tesouro Direto atualmente e como eles podem afetar seus investimentos.
Leia também: Investir no Exterior: Como Diversificar e Reduzir Riscos no Mercado Brasileiro
Volatilidade e marcação a mercado: o risco de oscilações
A intensificação das tensões comerciais entre grandes economias, como Estados Unidos e China, tem provocado forte volatilidade nos mercados financeiros. Essa instabilidade se reflete diretamente nos títulos do Tesouro Direto, principalmente os prefixados e os atrelados à inflação, como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+.
“Mesmo sendo seguros se mantidos até o vencimento, esses títulos podem registrar perdas temporárias caso o investidor precise vendê-los antes do prazo”, explica Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
O mecanismo responsável por essas perdas é a marcação a mercado, que ajusta diariamente o valor dos títulos conforme as condições do mercado. Em cenários de alta dos juros ou de incertezas prolongadas, esses ajustes podem ser negativos, impactando especialmente quem busca liquidez de curto prazo.
Além disso, em um contexto de juros elevados e inflação persistente, cresce a probabilidade de resgates antecipados, o que torna a volatilidade ainda mais relevante para o pequeno investidor.
Especulação com títulos públicos: retorno arriscado
Outro ponto de atenção é a tentativa de obter lucro por meio da especulação com títulos públicos. Essa estratégia envolve a compra de papéis prefixados ou híbridos esperando uma queda nos juros, o que elevaria seus preços no curto prazo.
No entanto, como destaca Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, essa prática exige precisão no timing. “Se a curva de juros voltar a subir, mesmo que momentaneamente, o investidor pode amargar perdas expressivas — especialmente com títulos de longo prazo e sem pagamento de cupom”, alerta.
Caso o cenário não se concretize como esperado, a única alternativa para evitar prejuízo seria manter o título até o vencimento. Para especuladores, isso representa um revés, pois o capital utilizado geralmente é voltado a ganhos de curto prazo.
Leia também: CDB ou Tesouro Direto: Qual é o Melhor Investimento em 2025?
Títulos longos: risco ampliado em tempos incertos
Investimentos de longo prazo no Tesouro Direto também estão sob maior risco no atual ambiente macroeconômico. Isso se deve à dificuldade de prever o comportamento da economia ao longo de décadas, o que compromete a avaliação da atratividade desses papéis.
Títulos como o Tesouro IPCA+ 2045 são altamente sensíveis às variações nas taxas de juros devido à sua duration elevada — ou seja, o tempo médio de retorno do investimento. Pequenas mudanças na curva de juros podem causar grandes oscilações nos preços desses ativos.
Mesmo títulos prefixados com vencimentos mais curtos, como o Tesouro Prefixado 2029, também estão sujeitos ao mesmo princípio: quanto maior o prazo, maior a exposição ao risco de mercado.
Inflação: o perigo oculto nos títulos prefixados
Outro risco relevante é o da inflação superar a taxa prefixada acordada no momento da aplicação. Caso isso ocorra, o investidor terá uma perda real no poder de compra.
“Se você comprou um título pagando 14% ao ano, mas a inflação ultrapassar esse percentual nos próximos anos, o rendimento real será negativo”, explica Lucas Sigu, sócio da Ciano Investimentos.
Ainda que o cenário-base atual do mercado não preveja um surto inflacionário, as incertezas globais e os desequilíbrios fiscais aumentam a possibilidade de surpresas desagradáveis. Mesmo uma inflação um pouco acima do previsto já pode reduzir significativamente o retorno real dos títulos prefixados.
Risco de calote: improvável, mas existente
Embora o risco de calote no Tesouro Direto seja considerado remoto, ele não pode ser totalmente descartado — principalmente se o governo brasileiro não conseguir organizar suas contas públicas nos próximos anos.
Segundo Lucas Sigu, a saúde fiscal do país é um fator crucial. “Enquanto não houver um ajuste eficiente nas contas do governo, há sim um pequeno risco para o investidor de longo prazo”, afirma.
Apesar de improvável, essa possibilidade reforça a importância de avaliar não apenas o retorno potencial, mas também a solidez econômica e fiscal do emissor — neste caso, o próprio Estado.
Leia também: Oportunidade ou Risco? Como Investir em Ações Após a Alta da Selic
Como investir com segurança no Tesouro Direto
O Tesouro Direto continua sendo uma excelente alternativa de investimento em renda fixa, principalmente para quem busca segurança e previsibilidade. No entanto, é fundamental entender que não está isento de riscos, especialmente em um cenário global de incertezas e guerra comercial.
Para investir com mais segurança:
- Avalie seu perfil de risco antes de escolher o título.
- Evite especulações se não tiver experiência ou apetite para volatilidade.
- Prefira vencimentos mais curtos se precisar de liquidez.
- Acompanhe a inflação e os indicadores econômicos.
- Diversifique seus investimentos, mesmo dentro da renda fixa.
Com planejamento e conhecimento, é possível utilizar o Tesouro Direto de forma estratégica e proteger seu patrimônio em qualquer cenário econômico.