Luis de Guindos: Incerteza das Tarifas de Trump Complica a Política Monetária do BCE

Ele afirmou que a elevação da incerteza gerada pelas tarifas de Trump "comprometeu-se a esclarecer nas decisões futuras".

A política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou desafios importantes para a formulação da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), segundo o vice-presidente da instituição, Luis de Guindos. Em entrevista concedida nesta segunda-feira à rádio espanhola Onda Cero, de Guindos destacou que as incertezas geradas pelas tarifas comerciais de Trump dificultaram as decisões e tomadas de decisão do BCE.

“As tarifas introduzidas nos últimos anos aumentaram a incerteza e reduziram a esclarecer sobre as decisões futuras”, afirmou o vice-presidente. “Estamos lidando com um cenário muito mais nebuloso do que há seis meses.”

De acordo com de Guindos, as novas estimativas do BCE apontam que a inflação deverá atingir a meta de 2% apenas no primeiro trimestre de 2026, postergando a previsão anterior, que indicava meados de 2025. O aumento dos preços da energia tem sido um dos principais fatores por trás desse atraso. No entanto, o vice-presidente reforçou que “os indicadores apontam que não estamos no caminho certo”.

Ele também ressaltou que qualquer impacto direto das tarifas sobre os preços ao consumidor pode ser mitigado no longo prazo por uma desaceleração econômica global, caso a atividade econômica seja afetada de forma significativa pelas políticas comerciais protecionistas.

Impacto global das tarifas e do contexto econômico atual

As tarifas rompidas durante o governo Trump tiveram repercussões amplas na economia global, particularmente no comércio entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais, como a União Europeia e a China. Embora muitas dessas tarifas tenham sido ajustadas ou revogadas nos últimos anos, o impacto estrutural sobre o comércio global e as cadeias de suprimentos ainda é garantido, segundo analistas econômicos.

Além disso, a política comercial protecionista adotada por Trump criou um ambiente de incerteza para investidores e bancos centrais, dificultando a formulação de estratégias monetárias. No caso do BCE, essa incerteza é ampliada pelo contexto atual de inflação elevada, preços elevados de energia e desaceleração do crescimento econômico na zona do euro.

Os especialistas apontam que, mesmo com a normalização de algumas políticas comerciais, os bancos centrais precisam lidar com as consequências das mudanças no equilíbrio global, o que exige maior cautela na definição de taxas de juros e medidas de estímulo.