Economia

Lula propõe nova moeda para reduzir dependência do dólar

Durante visita oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou a necessidade de repensar o sistema global de comércio exterior. Sem confrontar diretamente o dólar, Lula defendeu a criação de uma alternativa que reduza a dependência de uma única moeda nas transações internacionais.

Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira, Lula afirmou que o Brasil, assim como outras nações, não deseja travar uma disputa com o dólar. O objetivo, segundo ele, é ampliar as possibilidades comerciais por meio de uma nova estrutura monetária.

“Nós não queremos brigar com o dólar. O que buscamos é criar uma alternativa — seja uma nova moeda, seja uma cesta de moedas — para que os países possam negociar sem depender exclusivamente do dólar”, declarou o presidente.

A proposta não é recente. Lula tem defendido esse posicionamento desde o início de seu mandato atual, principalmente em fóruns internacionais. Para ele, a diversidade monetária pode fortalecer as relações comerciais e aumentar a autonomia dos países em desenvolvimento.

A reação dos Estados Unidos e as tensões com o Brics

A movimentação liderada por Lula e por outros integrantes do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — gerou reações dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, que permanece uma figura influente na política norte-americana, chegou a ameaçar tarifas de até 100% sobre exportações dos países do bloco caso avancem com propostas que, segundo ele, desafiam a supremacia do dólar.

Apesar das ameaças, Lula defendeu que o Brasil siga buscando inovação comercial e rompendo com padrões tradicionais. Ele reforçou o papel estratégico do Brics no novo cenário geopolítico global.

“Não subestimem o Brics. É um fórum fundamental para o futuro das relações econômicas e políticas internacionais”, afirmou Lula.

Lula também aproveitou o momento para enfatizar a necessidade de reformar instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, essas entidades devem se adaptar às transformações em curso na geopolítica mundial.

Caso contrário, alertou, o mundo continuará a tomar decisões políticas de forma fragmentada e descoordenada, o que pode gerar instabilidade e enfraquecer o diálogo entre as nações.

Diálogo como caminho para resolver conflitos

O presidente voltou a defender a diplomacia como a melhor ferramenta para solucionar disputas internacionais, sejam elas comerciais ou armadas. Ele afirmou que determinou aos seus ministros que esgotem todas as possibilidades de negociação com o governo norte-americano sobre as tarifas aplicadas às exportações brasileiras.

Além disso, Lula demonstrou otimismo em relação à possibilidade de avanço nas conversas entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, há uma expectativa de que os dois países iniciem negociações diretas na Turquia ainda nesta semana.

COP30 será decisiva para o futuro climático, diz Lula

Outro tema abordado por Lula foi a crise climática. Ele destacou a importância da próxima Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), classificando-a como uma oportunidade decisiva para que os países se posicionem em relação ao aquecimento global.

O presidente alertou que decisões estratégicas precisam ser tomadas com urgência, sob o risco de danos irreversíveis ao planeta.

Homenagem a José Mujica

Além de abordar temas geopolíticos e ambientais, Lula também prestou homenagem ao ex-presidente do Uruguai, José Mujica, falecido nesta terça-feira. Visivelmente emocionado, o líder brasileiro destacou, ainda, o legado de Mujica para a democracia latino-americana. Por fim, descreveu-o como uma figura “excepcional”, dotada de uma “grandeza de alma” rara.

Leia também: Haddad: Cumprir Metas Fiscais e Colaborar com o Banco Central Reduzirá a Inflação

Ele afirmou que pretende comparecer ao funeral do ex-presidente uruguaio como forma de reconhecimento por sua trajetória política e humana.

As declarações de Lula, sinalizam uma mudança significativa na postura do Brasil no cenário internacional. Ao propor alternativas ao dólar e, além disso, defender o fortalecimento do Brics, o presidente busca ampliar a autonomia econômica do país e, consequentemente, promover um novo equilíbrio global. A defesa do diálogo, por sua vez, somada à crítica às estruturas atuais e ao foco na sustentabilidade, reforça uma agenda ambiciosa, que, por fim, pode impactar diretamente os rumos da política externa e dos investimentos no Brasil.

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