Macron Propõe Escudo Nuclear Europeu para Enfrentar Ameaça Russa

Macron destacou que a decisão final sobre o uso do arsenal nuclear “sempre foi e permanecerá sob a autoridade do presidente da República”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, ressaltou a necessidade de fortalecer a segurança da Europa diante dos riscos crescentes, enfatizando a relevância da dissuasão nuclear francesa. Durante um discurso na quarta-feira (5), Macron declarou que o continente está diretamente impactado pelo conflito na Ucrânia e frisou que os países europeus devem estar prontos para se defender de forma independente dos Estados Unidos.

O líder francês destacou que a França duplicou seus investimentos militares nos últimos dez anos e que novos aportes em defesa serão realizados sem aumento de impostos. “Serão necessárias novas escolhas orçamentárias e investimentos adicionais, agora indispensáveis”, afirmou.

Um dos temas centrais do discurso foi a dissuasão nuclear. Macron reiterou que o poder de decisão sobre o arsenal nuclear do país permanece com o presidente da República. No entanto, sugeriu um “debate estratégico” sobre o papel das armas nucleares francesas na segurança europeia. Essa proposta pode indicar uma possível extensão da proteção nuclear francesa a outros aliados do continente, fortalecendo a capacidade de dissuasão contra ameaças externas.

Macron justificou a necessidade desse debate ao afirmar que “a ameaça russa é uma realidade” e impacta toda a Europa, sem respeitar fronteiras. Segundo ele, a inatividade frente a esse cenário seria “um erro grave”.

Colaboração europeia e missão de paz

Para fortalecer a segurança do continente, Macron anunciou um encontro em Paris na próxima semana com chefes de Estado-Maior de países interessados em garantir um possível acordo de paz para a Ucrânia. O presidente também cogitou o envio de tropas europeias para monitorar a implementação desse tratado. “Essas tropas não atuariam na linha de frente, mas garantiriam que a paz fosse cumprida”, explicou.

Repercussão das tarifas comerciais dos EUA

Macron também abordou a política comercial dos Estados Unidos sob Donald Trump. Ele criticou as tarifas aplicadas a produtos da Europa, China, México e Canadá, classificando-as como “injustificáveis”. O líder francês alertou que essas medidas podem prejudicar tanto a economia europeia quanto a americana. “Precisamos convencer os EUA de que esse caminho não é vantajoso para ninguém”, declarou.

Rumo a uma Europa mais independente

Com um tom determinado, Macron reforçou que a Europa precisa se preparar para um futuro em que dependa menos dos Estados Unidos na esfera da defesa. “O desfecho da guerra na Ucrânia não será definido apenas por Moscou ou Washington, mas também pelo empenho da Europa”, afirmou. Ele defendeu que a paz só será alcançada mediante um fortalecimento militar do bloco europeu e a tomada de decisões estratégicas urgentes.

A proposta de Macron de ampliar o debate sobre o papel da dissuasão nuclear francesa e fortalecer a segurança europeia traz à tona um dos desafios mais relevantes da política de defesa do continente. Agora, resta saber qual será a reação dos demais líderes europeus e se haverá consenso para avançar nessas iniciativas.