Atualmente, a renda fixa continua sendo a principal escolha dos investidores brasileiros em 2025, independentemente do perfil. Até mesmo os investidores mais arrojados são orientados a manter, no mínimo, 50% de sua carteira alocada nessa categoria, de acordo com as recomendações da XP. Para investidores moderados e conservadores, essa proporção é ainda maior, chegando a 70% e 90%, respectivamente.
Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, destaca que há oportunidades em títulos públicos pós-fixados, prefixados e atrelados à inflação, sendo os pós-fixados os mais promissores no cenário de alta da taxa de juros.
“Os pós-fixados têm se destacado nas carteiras por oferecerem maior segurança diante das incertezas do mercado, com menos exposição ao risco”, explica Ferreira. “Com a Selic em alta e incertezas sobre o teto da inflação, esses títulos trazem o benefício de acompanhar as taxas decididas pelo Banco Central.”
O Tesouro Selic é recomendado para todos os perfis, com maior peso na carteira de investidores conservadores e menor nos perfis moderados e arrojados. Já os títulos prefixados, embora mais arriscados por não estarem alinhados à trajetória da taxa de juros, também têm seu espaço, segundo Ana Paula Milanez, sócia da Guelt Investimentos.
Quanto aos títulos Tesouro IPCA+, que combinam correção pela inflação e juros reais, são considerados atrativos, especialmente para quem foca no longo prazo. Milanez ressalta que, com os prêmios atuais de 7% a 8% de juros reais, o investimento pode dobrar em valor em oito anos.
Entretanto, esses títulos são mais indicados para investidores moderados e arrojados. Ferreira alerta que a volatilidade na marcação do mercado pode ser um problema para os investidores conservadores, que podem se assustar com as variações de preço. “Esses papéis são mais adequados para objetivos de longo prazo”, reforça.
Ainda vale investir na Bolsa?
Sim, mas apenas para aqueles que aceitam correr riscos. A XP sugere uma exposição de 5% para investidores moderados e 15% para os arrojados, enquanto os conservadores devem evitar a renda variável.
Tiago Reis, fundador do Grupo Suno, destaca que é difícil ignorar a renda variável, já que muitos ativos estão sendo negociados com valores abaixo de seus patrimônios. Porém, ele alerta que o cenário de inflação alta e juros elevados pode prejudicar determinados setores.
“Eu evitaria empresas sem fluxo de caixa positivo ou com dívidas excessivas, pois elas tenderiam a sofrer mais nesses períodos”, afirma Reis. “Prefiro não apostar nesse tipo de ativo no momento, já que qualquer ganho seria mais fruto de sorte do que da força do modelo de negócios.”
Ferreira recomenda investir em ações defensivas, como os setores econômicos, com receitas previsíveis, incluindo financeiro, elétrico, saneamento e commodities. Empresas com receita em dólar também são apontadas como boas alternativas.
Além das ações, outros ativos como fundos imobiliários também são indicados para diversificação. Mesmo com as recentes quedas, Ana Paula Milanez destaca que ainda há boas opções no mercado, negociadas abaixo do valor patrimonial e pagando dividendos atrativos.
Essa opinião é reforçada por Reis, que afirma nunca ter visto descontos tão expressivos em preços de fundos imobiliários. “Para quem está disposto a enfrentar um pouco de volatilidade nas cotas, as oportunidades de retorno são bastante promissoras.”