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Mercados reagem com volatilidade aos 100 dias do governo Trump

Os primeiros 100 dias do governo Trump marcaram um período de intensa volatilidade nos mercados financeiros globais. Impulsionados por discursos protecionistas e críticas às instituições americanas, investidores passaram a reavaliar suas posições em ativos norte-americanos. Apesar de momentos de otimismo, crescem os sinais de preocupação sobre o futuro do dólar e a hegemonia dos Estados Unidos.

Incertezas políticas abalam a confiança dos investidores

Durante esse período inicial da gestão Trump, os mercados oscilaram fortemente, refletindo o impacto de políticas ainda incertas. Embora o índice S&P 500 tenha mostrado breves sinais de recuperação, a perda acumulada chegou a cerca de 8%. O dólar, por sua vez, caiu aproximadamente 9% no mesmo intervalo.

Essa instabilidade reflete, em parte, o temor de que mudanças na política comercial dos EUA, defendidas pelo presidente, possam provocar desequilíbrios na economia global. Investidores temem que essas ações provoquem uma ruptura estrutural no comércio internacional e enfraqueçam a confiança global no mercado norte-americano.

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Reformas e críticas ao Federal Reserve intensificam tensões

Além da política externa, as críticas diretas ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, contribuíram para um ambiente de maior aversão ao risco. A independência da autoridade monetária passou a ser questionada, levantando dúvidas sobre a estabilidade da política econômica norte-americana.

Kenneth Griffin, CEO da Citadel, ressaltou que os Estados Unidos precisam agir com responsabilidade para preservar a credibilidade de seus ativos, especialmente os Treasuries, que são considerados refúgios seguros pelos investidores globais.

Investidores buscam diversificação fora dos EUA

Diante desse cenário, muitos gestores começaram a ajustar suas estratégias. Spencer Hakimian, da Tolou Capital Management, anunciou a redução de exposição aos Treasuries e o aumento na alocação em ouro, prevendo uma crise de confiança nos ativos atrelados ao dólar.

Evan Russo, executivo da Lazard, também sinalizou uma tendência de rebalanceamento de carteiras. Segundo ele, o restante do ano deve ser marcado por uma movimentação em direção a investimentos internacionais.

Leia também: EUA em recessão? Trump culpa Biden e defende tarifas

Além disso, Nuri Katz, da APEX Capital Partners, observou um aumento no número de clientes buscando diversificação de patrimônio fora dos Estados Unidos, inclusive por meio da obtenção de cidadania estrangeira.

Haverá uma verdadeira desdolarização?

Embora ainda seja cedo para afirmar uma fuga definitiva do dólar, há indícios crescentes de uma reconfiguração no cenário financeiro global. Jens Nordvig, da Exante Data, sugeriu que uma transição estrutural está em curso, com investidores buscando alternativas ao dólar como moeda de reserva.

Dados do FMI mostram que a participação do dólar nas reservas cambiais globais caiu para 57,8% no final de 2024, uma queda significativa em relação aos 66% registrados uma década atrás. Esse declínio pode indicar uma mudança gradual no papel do dólar como principal referência global.

Vendas de ativos dos EUA ainda são pontuais

Apesar dessas movimentações, nem todos os analistas veem uma ameaça iminente à hegemonia norte-americana. Relatórios de bancos como Goldman Sachs e Barclays mostram que parte das vendas de ativos pode ser atribuída a ajustes táticos após anos de desempenho superior dos mercados dos EUA.

Todd Rabold, da Callan Family Office, observou que o dólar vinha sendo negociado acima do valor justo e que o atual recuo pode representar apenas uma correção. Da mesma forma, Jitania Kandhari, da Morgan Stanley, destacou que os ativos norte-americanos já estavam sobrevalorizados antes mesmo das políticas do governo Trump.

Os fundamentos dos EUA ainda são fortes?

Apesar das turbulências recentes, muitos analistas ainda confiam nos fundamentos econômicos dos Estados Unidos. Além disso, Tara Hariharan, da NWI Management, afirmou que pilares como a flexibilidade do mercado, a desregulamentação e uma política fiscal favorável continuam, portanto, a posicionar os EUA como um destino atrativo para o capital internacional.

Portanto, embora os 100 primeiros dias da presidência de Trump tenham desencadeado uma onda de incertezas e volatilidade, o debate sobre a hegemonia americana permanece aberto. A médio e longo prazo, fatores estruturais podem continuar sustentando o papel dominante dos EUA nos mercados globais.

Leia também: Shein aumenta preços nos EUA em até 377% devido a novas tarifas

Os mercados globais enfrentaram uma verdadeira montanha-russa nos primeiros 100 dias do governo Trump. Entre promessas econômicas audaciosas e críticas às instituições, investidores reavaliaram sua confiança nos ativos americanos. Apesar da crescente busca por diversificação e sinais de desdolarização, os fundamentos dos EUA seguem sólidos. O cenário, no entanto, exige atenção contínua à evolução das políticas econômicas e geopolíticas que moldarão o futuro do mercado financeiro mundial.

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