O Ibovespa apresentou leve queda após o Banco Central elevar a Selic para 14,25% ao ano. O impacto da alta dos juros futuros e o pessimismo global influenciaram o mercado, mas especialistas destacam que a Bolsa brasileira continua atrativa, com um valuation descontado e boas oportunidades de investimento.
Cenário de Volatilidade no Mercado de Ações
Embora a Bolsa esteja barata, analistas alertam para a volatilidade no curto prazo. Segundo Patrick Buss, da Manchester Investimentos, setores sensíveis a juros e consumo devem enfrentar oscilações acentuadas devido à decisão do Copom.
Pedro Moreira, da One Investimentos, destaca que a guerra comercial entre os EUA e outros países gera mais incerteza do que a própria alta da Selic. A imprevisibilidade dessas medidas adiciona pressão sobre as expectativas de inflação no Brasil, tornando o cenário desafiador para os investidores.
Beto Saadia, da Nomos, observa que a recente valorização do Ibovespa em 2025 é impulsionada pela fuga de capitais dos EUA e pelo baixo preço das ações brasileiras. Para que o mercado atinja patamares superiores a 150 mil pontos e estimule novos IPOs, uma sinalização clara do governo sobre a sustentabilidade fiscal será essencial.
Otimismo no Mercado: Oportunidades de Investimento
Apesar dos desafios, Saadia destaca que muitas empresas com bons resultados estão sendo negociadas a preços baixos, criando excelentes oportunidades para investidores de longo prazo.
A possibilidade de uma recessão nos EUA pode impulsionar o fluxo de capitais para mercados emergentes, beneficiando a Bolsa brasileira. Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, ressalta que, com o Federal Reserve reduzindo juros, o Brasil pode atrair mais investimentos estrangeiros.
O consenso entre especialistas é que os preços das ações brasileiras seguem descontados, permitindo ganhos expressivos no longo prazo. No entanto, é essencial que investidores avaliem os riscos antes de tomar decisões.
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Setores e Empresas em Destaque
Para Arbetman, a seleção de ativos é essencial. Entre os destaques estão:
- Suzano (SUZB3): Beneficiada pelos preços elevados da celulose.
- JBS (JBSS3): Pode lucrar com a guerra comercial global.
- Sabesp (SBSP3): Potencial de crescimento impulsionado por catalisadores do setor.
Empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos também continuam atrativas. Entre as principais recomendações estão:
- Eletrobras (ELET3): Com perspectivas positivas após a privatização.
- Banco do Brasil (BBAS3): Negociado a múltiplos baixos, com forte rentabilidade e crescimento em nichos estratégicos.
- Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4): Resilientes, com boas perspectivas de valorização.
No setor do agronegócio, que sofreu com eventos climáticos, a expectativa de recuperação favorece empresas como:
- 3Tentos (TTEN3), SLC Agrícola (SLCE3) e Boa Safra (SOJA3), que devem se beneficiar do melhor desempenho das safras.
Conclusão
Investir na Bolsa após a alta da Selic pode trazer riscos, mas também grandes oportunidades. O valuation descontado de diversas empresas e a possibilidade de entrada de capital estrangeiro tornam o mercado acionário brasileiro atrativo. No entanto, é essencial que os investidores mantenham estratégias bem fundamentadas e diversifiquem suas carteiras para mitigar a volatilidade do mercado.