
Pacientes com planos de saúde são submetidos a mais cirurgias, proporcionalmente, do que aqueles atendidos exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Essa é a conclusão da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2025, divulgada nesta quarta-feira (30 de abril) pelo Ministério da Saúde, em parceria com a FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e a AMB (Associação Médica Brasileira). O estudo lança luz sobre as diferenças nos atendimentos cirúrgicos entre as redes pública e privada, com foco nos três procedimentos mais comuns no país.
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Taxas de cirurgias: Rede privada vs. SUS
A pesquisa analisou os três procedimentos cirúrgicos mais realizados no Brasil: apendicectomia, colecistectomia e correções de hérnias da parede abdominal. Em todos os casos, a rede privada apresentou taxas mais elevadas de intervenções por 100 mil habitantes.
1. Apendicectomia: A Cirurgia de Urgência Mais Comum
- Rede Privada: 100 cirurgias por 100 mil habitantes.
- SUS: 74,45 cirurgias por 100 mil habitantes.
Apesar das diferenças, o SUS realizou 70% do total de apendicectomias em 2023, destacando seu papel como principal provedor de saúde no país.
2. Colecistectomia: Procedimento para Retirada da Vesícula Biliar
- Rede Privada: 312,38 cirurgias por 100 mil habitantes.
- SUS: 196,81 cirurgias por 100 mil habitantes.
Mesmo com maior frequência na rede privada, o SUS foi responsável por 66% dessas cirurgias, refletindo sua relevância no atendimento à população.
3. Correções de Hérnias Abdominais
- Rede Privada: 401,41 cirurgias por 100 mil habitantes.
- SUS: 215,07 cirurgias por 100 mil habitantes.
Esse é o procedimento com maior disparidade entre os dois sistemas, evidenciando o maior acesso às intervenções na rede privada.
Falta de profissionais e impactos no atendimento
O estudo também destacou um problema crítico: a carência de profissionais, sobretudo anestesistas, que leva ao cancelamento de cerca de 8% das cirurgias. Atualmente, 70% dos cirurgiões atuam tanto na rede pública quanto na privada, enquanto 20% trabalham exclusivamente na rede privada e apenas 10% no SUS. Essa divisão contribui para o desequilíbrio nos atendimentos.
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Os dados revelam um cenário de desigualdade no acesso a cirurgias entre os sistemas público e privado. Apesar de realizar a maior parte dos procedimentos, o SUS enfrenta desafios estruturais que impactam a eficiência do atendimento. Para garantir acesso igualitário e melhorar a qualidade dos serviços, é essencial investir na formação de profissionais e na infraestrutura de saúde.