Warren Buffett surpreendeu o mercado ao vender uma parte expressiva das ações da Apple antes do anúncio das tarifas de importação de Trump. Além disso, o movimento ocorreu num momento em que a empresa de Steve Jobs ocupava o topo do portfólio da Berkshire Hathaway. Neste artigo, você entenderá o histórico do investimento, as motivações por trás da redução de exposição e como a guerra comercial entre EUA e China influenciou essa decisão estratégica.
Histórico do investimento de Buffett na Apple
Entrada e expansão no portfólio
- 1º trimestre de 2016: Berkshire Hathaway comprou 9,8 milhões de ações da Apple, equivalente a 0,8% de sua carteira.
- 4º trimestre de 2017: As ações da Apple ganharam peso ao lado de bancos como Wells Fargo.
- 2020 (ano da pandemia): A posição saltou de 245 mi para 887 mi de papéis, quase quadruplicando o volume.
- 2º trimestre de 2023: A Apple respondeu por 51% do valor total do portfólio, com 915 mi de ações.
- 2024: Buffett reduziu o lote para cerca de 300 mi de ações, mantendo ainda 28% do valor da carteira.
Além disso, a recompra de ações pela Apple sustentou a demanda interna, contribuindo para o aumento do lucro por ação no período.
Recompra de ações e visão de consumo
Em 2012, Buffett já aconselhara a Apple a usar seu caixa para um programa de buyback. Embora Tim Cook tenha iniciado a recompra tardiamente, ela atingiu centenas de bilhões em valor. Portanto, a redução do número de papéis em circulação elevou o retorno por ação, um ponto sempre valorizado por Buffett em suas análises de investimento.
Razões para a redução de posição na Apple
1. Valuation acima do justo
“Hoje, a Apple não está mais barata; seu múltiplo está ‘rico’.”
Segundo especialistas, o preço atual das ações reflete expectativas elevadas, o que reduz o potencial de ganhos futuros.
2. Inovação em ritmo mais lento
- A diferença entre modelos, como iPhone 14 e 15, tornou-se sutil.
- No entanto, a alta penetração global de smartphones limita novas fatias de mercado.
3. Riscos da concentração em um único ativo
Buffett costuma evitar riscos excessivos. Com a Apple chegando a metade do valor total da carteira, portanto, diversificar tornou-se imperativo.
Impactos da guerra comercial e das tarifas de Trump
Dependência da manufatura chinesa
- A Apple construiu uma cadeia de suprimentos complexa na China.
- Além disso, a empresa enfrenta desafios para replicar essa estrutura em outros países.
Tarifas e relocação de fábricas
Em abril de 2025, antes de Trump anunciar tarifas que poderiam elevar custos de fabricação em até 30%, Buffett vendeu parte das ações. A Apple prepara a mudança da montagem de iPhones para a Índia como resposta ao “tarifaço” de 145% proposto para eletrônicos – medida que teria efeito devastador nas margens.
Riscos regulatórios e de competição
- Acordos exclusivos com o Google geram pressão antitruste.
- Portanto, multas bilionárias na Europa e possíveis restrições às parcerias podem afetar 20% do valor de mercado da Apple.
Warren Buffett soube antecipar riscos de valuation elevado, desaceleração na inovação e impactos da guerra comercial ao reduzir sua posição em Apple antes das tarifas de Trump. Além disso, a estratégia reforça uma abordagem conservadora de gestão de portfólio, que busca equilibrar retornos e riscos. Para o investidor, essa decisão oferece lições valiosas sobre diversificação, análise de custos globais e atenção aos sinais macroeconômicos.