
A economia mundial caminha para uma recessão em 2025, segundo alerta da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). De acordo com o relatório divulgado recentemente, o crescimento global deve atingir apenas 2,3%, abaixo do limite técnico de 2,5% que sinaliza uma fase recessiva.
Além disso, o documento destaca que a combinação de instabilidade financeira, fragmentação econômica e políticas comerciais protecionistas, especialmente dos Estados Unidos, está agravando o cenário. Com isso, o comércio internacional sofre impactos diretos, prejudicando países em desenvolvimento como o Brasil.
Crescimento mais lento em 2025 preocupa especialistas
A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de 2,2% em 2025, bem abaixo dos 3,4% registrados no ano anterior. Segundo a UNCTAD, diversos fatores contribuem para essa desaceleração.
Entre os principais motivos estão:
- Taxas de juros elevadas, que encarecem o crédito e limitam o consumo;
- Volatilidade do câmbio, que afasta investidores estrangeiros;
- Menor fluxo de capitais para países emergentes;
- Demanda externa enfraquecida, que reduz as exportações;
- Tarifas comerciais globais, que desorganizam cadeias produtivas.
Além disso, o crescimento observado no final de 2024 foi impulsionado por uma antecipação de compras, motivada pela expectativa de novas tarifas. Contudo, esse impulso foi temporário e não se manteve no início de 2025.
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Estagflação: Um Risco Real Para a Economia Global
O relatório também aponta sinais de estagflação, uma condição econômica caracterizada por crescimento fraco combinado com pressão inflacionária. Portanto, o ambiente se torna ainda mais desafiador para governos e investidores.
Paralelamente, a incerteza em relação à condução da política econômica atingiu seu maior nível desde 2000. Esse clima de instabilidade, segundo a UNCTAD, dificulta decisões de investimento, contratação de pessoal e financiamento, especialmente nos países em desenvolvimento.
Alternativas Para o Brasil: Regionalização e Acordos Sul-Sul
Diante desse panorama global adverso, a UNCTAD sugere que o Brasil aposte em integração comercial regional como forma de diversificar mercados e reduzir vulnerabilidades.
Mais especificamente, a entidade recomenda:
- Fortalecer acordos Sul-Sul, especialmente com países da América Latina e da Ásia;
- Expandir parcerias regionais, a fim de ampliar o acesso a novos mercados;
- Buscar fontes alternativas de financiamento, com foco em cooperação internacional.
Com essas estratégias, o Brasil pode reduzir a dependência de economias centrais e proteger sua economia de choques externos.
Comércio Global Também Dá Sinais de Recuo
A preocupação com o cenário internacional foi reforçada por uma nova projeção da Organização Mundial do Comércio (OMC). No mesmo dia da divulgação da UNCTAD, a OMC revisou para baixo sua previsão de crescimento para o comércio de mercadorias. Agora, espera-se uma retração de 0,2% em 2025, ao contrário da estimativa anterior de alta de 3%.
De acordo com a organização, as novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, somadas aos seus efeitos indiretos, podem causar a maior contração do comércio global desde a pandemia de Covid-19.
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Como o brasil pode navegar em tempos turbulentos
Em suma, o cenário global é de forte desaceleração econômica, com riscos de recessão e insegurança nos mercados internacionais. O Brasil, embora vulnerável a esse contexto, ainda pode adotar medidas estratégicas para mitigar os efeitos da crise.
Portanto, investir em parcerias regionais, adotar políticas econômicas sólidas e manter o foco na diversificação comercial são caminhos viáveis para sustentar o crescimento — mesmo que modesto — em 2025.