Tensão com o Fed derruba bolsas dos EUA e acende alerta nos mercados

Queda nas bolsas dos EUA reflete tensões sobre a independência do Fed e incertezas geopolíticas. Entenda os impactos no mercado financeiro.

Tensão com o Fed derruba bolsas dos EUA e acende alerta nos mercados

As principais bolsas dos Estados Unidos registraram fortes quedas nesta segunda-feira (21), impulsionadas por uma crescente preocupação com a autonomia do Federal Reserve (Fed). As declarações do presidente Donald Trump contra Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, reacenderam o debate sobre interferência política na política monetária, em um cenário já pressionado pela guerra comercial entre EUA e China.

Mercado reage a ataques à independência do Fed

As críticas de Trump ao presidente do Fed, Jerome Powell, ganharam intensidade. Em uma postagem no Truth Social, o presidente classificou Powell como “um grande perdedor” e pressionou por cortes imediatos nas taxas de juros. A retórica alarmou investidores, que temem uma perda da independência da autoridade monetária americana — um dos pilares para a estabilidade econômica.

Além disso, Trump chegou a sugerir publicamente a possibilidade de demitir Powell, caso retorne à presidência. Essa postura gerou forte aversão ao risco nos mercados, elevando a volatilidade e reduzindo o apetite por ativos de renda variável.

Índices em queda e clima de pessimismo

Todos os principais índices de Wall Street fecharam em forte baixa:

  • Dow Jones recuou 2,48%, encerrando aos 38.170,41 pontos.
  • S&P 500 caiu 2,36%, para 5.158,20 pontos.
  • Nasdaq Composite, com forte peso em tecnologia, perdeu 2,55%, fechando em 15.870,90 pontos.

Com a queda acumulada de 16% desde o pico histórico registrado em fevereiro, o S&P 500 se aproxima da chamada zona de mercado de baixa, que se confirma com retração de 20% ou mais.

“Sete Magníficas” e tecnologia lideram perdas

O grupo das chamadas “Sete Magníficas” — que inclui gigantes como Tesla, Alphabet e Nvidia — foi um dos principais responsáveis pela derrocada do Nasdaq. Destaques negativos incluíram:

  • Nvidia, que caiu 4,5% após informações de que a Huawei começará a distribuir chips de IA avançados na China.
  • Tesla, com queda de 5,8% diante do adiamento na produção de uma nova versão do Model Y.

O setor de tecnologia e o de consumo discricionário lideraram as perdas dentro do S&P 500, refletindo o nervosismo generalizado.

Guerra comercial entre EUA e China continua a preocupar

Além do embate político interno, as tensões comerciais com a China também pesaram sobre o humor dos investidores. Recentemente, o governo chinês alertou outros países a não fecharem acordos com os EUA em detrimento de seus interesses, alimentando ainda mais a escalada na guerra tarifária.

Segundo Jed Ellerbroek, gestor da Argent Capital Management, a incerteza tem paralisado as decisões das empresas. “Estamos diante de um cenário autoinfligido. É uma crise fabricada pelo próprio governo”, afirmou.

Dólar enfraquece diante da instabilidade global

A instabilidade também afetou o câmbio. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas globais, atingiu o menor patamar desde 2022. O movimento indica uma migração de investidores para ativos considerados mais seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA.

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Temporada de balanços traz esperança, mas não ameniza temores

Mesmo com a temporada de resultados do primeiro trimestre ganhando força, o otimismo com os lucros corporativos não foi suficiente para conter as perdas. Até o momento, cerca de 68% das 59 empresas que já divulgaram seus balanços superaram as expectativas de Wall Street, conforme dados da LSEG.

Entre os destaques da semana estão:

  • Tesla e Alphabet, integrantes das Sete Magníficas.
  • Empresas do setor industrial como Boeing, Lockheed Martin, Northrop Grumman e 3M.

Os resultados podem indicar resiliência em alguns setores, mas a pressão macroeconômica continua pesando mais nas decisões dos investidores.

As bolsas norte-americanas entraram em forte queda nesta segunda-feira, refletindo não apenas tensões políticas internas, mas também a crescente complexidade das relações internacionais. A autonomia do Fed — essencial para manter a credibilidade da política monetária — está no centro das atenções. Diante desse cenário, investidores devem redobrar a cautela, diversificar suas carteiras e acompanhar de perto tanto o cenário econômico quanto os desdobramentos políticos nos EUA.