Os títulos do Tesouro Direto registram queda nas taxas na manhã desta sexta-feira (7), dando continuidade ao movimento observado após o carnaval, influenciado pela desvalorização do dólar diante das políticas tarifárias dos Estados Unidos. No entanto, o recuo desta vez tem como pano de fundo um fator interno: o crescimento do PIB do Brasil em 2024 veio abaixo das expectativas.
Os títulos prefixados e os atrelados à inflação apresentam remuneração menor. O destaque fica para o Tesouro Prefixado 2028, cuja taxa caiu para 14,63% ao ano, frente a 14,77% na quinta-feira e 15,01% na sexta-feira anterior (28). Já o papel com vencimento em 2032 teve uma redução mais leve, passando de 15,06% para 14,99% ao ano.
No caso do Tesouro IPCA+ 2029, que tem retorno atrelado à inflação, os juros reais caíram para 7,65%, abaixo dos 7,68% do dia anterior e dos 7,76% registrados antes do carnaval.
O PIB do Brasil cresceu 0,2% no quarto trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior. No acumulado do ano, a alta foi de 3,4%, o maior crescimento desde 2021, totalizando R$ 11,7 trilhões, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expansão trimestral ficou abaixo das projeções do mercado, que esperavam um avanço de 0,5%. Para 2024, as estimativas do Broadcast apontavam um crescimento entre 3,3% e 3,6%, com uma mediana de 3,5%.
Especialistas avaliam que os dados indicam que a política monetária adotada pelo Banco Central pode estar surtindo efeito, o que gera expectativas de um maior controle da inflação e uma possível redução dos juros no futuro.
“Com o estímulo fiscal perdendo força e os juros elevados impactando a economia, começamos a observar sinais de desaceleração”, avalia Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter. Segundo ela, esses fatores “devem ser determinantes para um crescimento mais moderado este ano, o que, por outro lado, pode ajudar a conter a inflação”.
Já Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, destaca possíveis riscos. “Embora seja uma desaceleração planejada e sob influência do Banco Central, há uma preocupação crescente sobre como o cenário político reagirá caso os dados confirmem uma redução mais expressiva no ritmo da economia, sobretudo no mercado de trabalho”.