O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou recentemente uma carta à liderança iraniana, sugerindo novas negociações sobre o programa nuclear do país. O contato ocorreu poucos dias depois de relatos indicarem um aumento nas atividades nucleares do Irã.
“Enviei uma carta a eles expressando minha esperança de que aceitem negociar, pois uma ação militar seria algo devastador para eles”, afirmou Trump à Fox News, em entrevista concedida à jornalista Maria Bartiromo, exibida nesta sexta-feira (7). Ele confirmou que a correspondência foi direcionada ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei.
Trump reforçou que, embora não descarte uma opção militar, sua preferência é por uma solução diplomática. “Talvez nem todos concordem comigo, mas acredito que podemos alcançar um acordo tão eficaz quanto uma vitória militar”, destacou.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu nesta semana que os Estados Unidos e o Irã retomem as discussões sobre o programa nuclear de Teerã. Relatórios da agência da ONU apontam que os estoques iranianos de urânio, enriquecidos quase no nível necessário para armamentos, cresceram significativamente desde a eleição presidencial de Trump, em novembro.
Estratégia de comunicação
A iniciativa de Trump em enviar uma carta segue um método já utilizado pelo ex-presidente Barack Obama, que também trocou correspondências com Khamenei durante as negociações que culminaram no Acordo Nuclear de 2015. Esse tratado, conhecido como Plano de Ação Conjunto Abrangente, estabeleceu restrições ao programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções econômicas.
Além disso, Trump também usou cartas diplomáticas em seu relacionamento com o líder norte-coreano Kim Jong Un, como parte de seus esforços para conter o programa nuclear da Coreia do Norte.
Abandono do acordo
Ainda em seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos do acordo firmado na era Obama, alegando que os termos não eram satisfatórios. Em substituição, adotou uma política de “pressão máxima” sobre o Irã, o que resultou em dificuldades econômicas para o país e um aumento das tensões entre as duas nações. A situação se agravou quando Trump ordenou um ataque de drone que resultou na morte de um importante general iraniano.
Em resposta, o Irã realizou ataques contra bases militares dos EUA no Iraque e intensificou suas atividades nucleares. Paralelamente, fortaleceu sua parceria com a Rússia, incluindo apoio militar na guerra contra a Ucrânia.
Fontes próximas ao assunto revelaram que Trump solicitou a ajuda do presidente russo, Vladimir Putin, para facilitar as negociações com o Irã sobre a questão nuclear.
Embora Trump tenha expressado interesse em um novo acordo, também reafirmou sua intenção de reforçar sanções para limitar as exportações de petróleo iranianas. Khamenei, por sua vez, tem se mostrado relutante em dialogar enquanto a política de pressão econômica dos EUA continuar.
Na última quinta-feira (6), o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou planos para intensificar as sanções contra o Irã. Segundo ele, os Estados Unidos adotarão “medidas e prazos específicos” para restringir ainda mais o setor petrolífero iraniano.
“A retomada da pressão econômica sobre o Irã marcará o início de nossa nova estratégia de sanções”, declarou Bessent em discurso no Clube Econômico de Nova York.